domingo, 24 de fevereiro de 2008

PELO QUE LUTAMOS:

PARA AS ESCOLAS PÚBLICAS:
- aumento da oferta de vagas nas escolas públicas. Livre acesso já! Vagas pra quem quer estudar

- aumento do número de professores, realização imediata de concursos e aumentos dos salários!

- passe-livre sem restrições

- voto universal nas eleições para diretores das escolas

- fim do sistema de aprovação automática.

- assistência estudantil (psicológica, nutricional, médica, odontológica, etc.)

PARA AS UNIVERSIDADES PÚBLICAS:


- assistência estudantil (moradia, bandejão, transporte para os estudantes)
As universidades públicas hoje não oferecem quase nenhum tipo de assistência ao aluno, terminando por impedir que grande parte dos estudantes pobres não consiga se formar. A evasão e a má formação nos são impostas com a falta de moradia, bolsas, alimentação, transporte, etc. Lutar pela assistência estudantil é lutar pela Universidade Popular.

- livre acesso já: fim do vestibular!

- concursos públicos para contratação de professores e funcionários!

- voto universal em todas as instâncias!

- fim dos cursos pagos e das fundações de apoio!

- solidariedade às lutas populares!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Estudantes nas Universidades: Formação de mão de obra barata e subserviente

Comunicado da Ação Direta Estudantil – Ano III – Nº 4 Janeiro 2006
O atual modelo de acumulação do capital, baseado na liberalização financeira, comercial e produtiva necessita não só de uma legislação trabalhista flexível, como também de trabalhadores “pacíficos”. A Mundialização do Capital, que trouxe as novas formas de organização da produção e novas relações de trabalho - como a terceirização - também chegou à universidade.
O modelo de Reforma Universitária, baseado em “sugestões” de relatórios do Banco Mundial, e a nova lei de inovação tecnológica têm como intenção a transformação das universidades em empresas de prestação de serviços tecnológicos. Isso não é um dado isolado. A disputa do comércio internacional pelas grandes multinacionais, como NESTLE, KRAFT, NIKE, ADIDAS, FIAT, GM e COCA-COLA tem dois lados: a busca por mão de obra cada vez mais barata e a necessidade cada vez maior de investimento em tecnologia para desenvolvimento de novos produtos (Chesnais, 2001).
A Universidade Pública tem cumprido esses dois modelos, formando mão de obra qualificada para lecionar nas escolas e ocupar cargos nas empresas e estabelecendo parcerias com empresas no desenvolvimento de pesquisa. A UFF tem vários exemplos de parcerias firmadas com multinacionais como a PETROBRAS, que recentemente fechou com a universidade um acordo para construção de um prédio onde se desenvolverá pesquisa na área de inteligência artificial. A PETROBRAS tem vários acordos com outras multinacionais como a italiana Pirelli, que desenvolve aparelhos técnicos e eletrônicos para perfuração de poços em alto mar.As multinacionais procuram as Universidades e Centros de Pesquisa Públicos justamente para baratear os custos de pesquisas, encontrando em professores e alunos uma reserva de mão de obra qualificada e barata.
O processo de privatização e disseminação da proposta político-ideológica liberal já vem ocorrendo dentro das universidades há algum tempo. Basta lembrar o caso das Fundações como a Euclides da Cunha, na UFF, que capta recursos privados (como o acordo que foi fechado com a PETROBRAS) e possibilita cursos pagos de pós-graduação, coisa que a universidade, como instituição pública, não poderia fazer por conta própria.
O esquema das Fundações, que se espalham pelo país, é engenhoso. Ele promove uma espécie de lavagem de dinheiro, pois as fundações tornam possível o recebimento de capital privado oriundo dos MBA’s e cursos Latu Sensu pagos, como o da História, repassando algo em torno de 5% para universidade sob forma de doação, enquanto o restante enche o bolso de professores e alunos que preferem fazer dinheiro utilizando a estrutura pública mantida pelo povo trabalhador em vez de lutar pela melhoria e construção da Universidade Popular.
Existe ainda o acordo da Guarda Municipal e da Policia Militar com o Núcleo Fluminense de Pesquisas (NUFEP), coordenado pelo Professor de Antropologia Roberto Kant de Lima. O treinamento das forças de repressão de Niterói e do Estado do Rio é feito, em parte, dentro da universidade. E Parece que está dando certo. Essa mesma guarda municipal que aprimora seus métodos na universidade espanca camelôs e rouba os produtos apreendidos. A policia militar, por sua vez, mata crianças no Morro do Estado, espanca trabalhadores em São Gonçalo e estudantes em greve na UFF, assassina em Queimados e seqüestra crianças em Vigário Geral. A universidade seria mais útil instrumentalizando as vítimas de todas essas formas de opressão do que camuflando a repressão policial com o discurso da capacitação.
As universidades públicas, construídas com trabalho usurpado do povo pelo Estado e pelas empresas, são direcionadas para a exploração dos trabalhadores. Pesquisas encomendadas por empresas têm o único interesse de maximizar lucros. A prática conservadora e reacionária de professores que se aceitam tais encomendas vem promovendo a formação de trabalhadores subservientes à exploração, pois formam estudantes que já saem de seus cursos moldados para o mercado, adaptando-se a ele sem capacidade de crítica. Isso nada mais é do que a ideologia liberal enfeitada com a máscara do pós-modernismo.
A necessidade de profissionais cada vez mais adaptados às relações de exploração é uma condição fundamental para o funcionamento do novo modo de acumulação do Capital. As universidades, através de seus dirigentes e parte dos professores, fazem isso muito bem; incentivam a formação de Empresas Juniores, como a Analítica, de Ciências Sociais, e a Meta Consultoria, da Engenharia, a mais famosa das empresas juniores da UFF. Sua ideologia é vendida como modelo de aplicação da Ciência aprendida em sala de aula.
Pela lógica empresarial, todo conhecimento produzido na Universidade tem como objetivo maximizar os lucros das empresas. Isso é feito através de acordos com multinacionais, cuja prática aumenta opressão sobre o povo. Todo esse processo, que transforma a universidade numa empresa prestadora de serviços ao capital e formadora de mão de obra qualificada (no caso, barata e subserviente), é a cartilha para educação do Banco Mundial e do “mercado” (bancos, multinacionais, fundos de pensão, empresas de consultoria etc.).
Esse tipo de trabalho, ideologicamente afinado com a mundialização
[1] do capital, é necessário para o Governo e para os acionistas das grandes multinacionais. O índice de desemprego crescente e a competição do Brasil com pólos periféricos regionais, como o Leste Europeu, mostra a necessidade imediata de uma geração de trabalhadores dóceis ao sistema. Assim, fica mais fácil aumentar a produtividade e retirar os direitos trabalhistas conquistados depois de muita luta.
Infelizmente, os estudantes das universidades públicas brasileiras têm a doce ilusão de que seu futuro no mercado de trabalho está garantido. A ilusão de que todos serão grandes pesquisadores das universidades brasileiras ou altos executivos é apenas a propagação ideológica dos setores conservadores da universidade, que insistem em afirmar a neutralidade científica, elitizando cada vez mais os espaços universitários.
A ilusão vendida, que é muito antiga e ganha força hoje, é a de que através de uma boa qualificação, o que significa investir em mestrados e doutorados (em muitos casos pagos), torna-se possível alcançar o “estrelato”. A verdade é que apenas uma minoria ascende. A maioria dos estudantes será mão-de-obra qualificada e barata nas empresas públicas e privadas, escolas e universidades. E ainda aceitarão sua condição de explorados com naturalidade, afinal a própria universidade incentiva a lógica empresarial, adaptando currículos às necessidades dos agentes do mercado.
Na medicina, por exemplo, ideal de sucesso social, a maioria dos estudantes, oriunda da classe média e da burguesia, pouco se importa para situação dos Hospitais Públicos, ou para o desenvolvimento de uma Medicina Social Preventiva no Interior e nas periferias e favelas do país, preferindo abandonar a profissão a suprir a falta de médicos nesses locais. Na economia, vemos a eterna reprodução das teorias ortodoxas liberais. Nos cursos de História e Ciências Sociais, ignoram-se autores como Proudhon, Lênin, Bakunin e, até mesmo, Florestan Fernandes, conhecido apenas como nome de auditório, e quase nunca trabalhado em sala de aula.
O quadro real da relação formação-trabalho é bem claro e tem apenas duas preocupações: 1) a formação de profissionais tecnicamente qualificados e 2) a formação política dos novos trabalhadores dentro dos moldes do pensamento liberal. Esse quadro propaga como vertente principal a ineficácia da ação coletiva, deslegitimando os Sindicatos e as demais organizações dos trabalhadores. Ao aceitar tal ideologia, o estudante torna-se um trabalhador passivo e subserviente.
Como contraposição a essa lógica mercadológica, existem projetos concretos em construção na UFF. A Oficina de Ciências Sociais é um desses projetos. Nela a ciência é um instrumento para a libertação do povo e não para o fortalecimento de seus grilhões.
Nesse contexto, o movimento estudantil revolucionário e popular tem o dever de formar, nas ações diretas, o trabalhador de amanhã. Só através da ação direta, que quer dizer ação coletiva organizada não necessariamente vinculada a partidos, por exemplo, piquetes, paralisações, greves gerais, barricadas, fechamentos de rodovias entre outros, pode-se desmistificar a falácia de que as soluções para os problemas sociais estão na conquista de um bom emprego ou em qualquer outro caminho individualista. Até mesmo porque, conquistas individuais, como a aprovação no vestibular e a conclusão de um curso, não significam garantias de melhoria de vida, principalmente em um contexto de desemprego estrutural, que sempre acompanha os “avanços” neo-liberais.
A Ação Direta Estudantil tem como objetivo principal organizar estudantes secundaristas e universitários numa forte corrente de solidariedade e luta pela conquista de uma educação que seja popular , democrática e de libertação , e pela Universidade Popular: aberta ao povo, a serviço do povo. Além disto, busca contribuir com a organização e luta popular mais ampla rumo à construção do Poder Popular, ou seja, uma sociedade justa, solidária e livre, assim é necessária a construção de um Movimento pela Universidade Popular para que possam unir os estudantes na luta contra a destruição das universidades públicas e na luta por uma universidade do povo.

Fora Cursos Pagos!
Por uma Escola popular e de libertação!
Pela Universidade Popular!
[1] Mundialização do Capital. Liberalização do Comércio, de investimento e deslocalização da produção promovida pelas Multinacionais (complexos organizados em rede com um centro financeiro) que procura mdo barata e incentivos governamentais. Conceito definido no livro “A Mundialização do Capital”, de François Chesnais.

O que é Ação Direta?




Nos últimos tempos o conceito Ação Direta vem sendo utilizado por diversos grupos como um simples jargão, exaltada no plano do discurso, a fim de conquistar militantes, diante do fracasso do PT, na conquista do Estado. Esse discurso se contradiz com a prática, uma vez que as estruturas de poder hierarquizantes no movimento estudantil são mantidas e a opção pelo método de luta pacífico e legalista (negociações de cúpula) é cada vez mais utilizada por esses grupos, ligados as partidos eleitoreiros.Ação Direta (da qual o centro é a luta dos trabalhadores) é um conceito que expressa um modo de agir, uma estratégia de luta, na qual a única forma de mudança da realidade social virá do protagonismo direto dos estudantes pobres e trabalhadores (camponeses, trabalhadores rurais, desempregados, camelôs, operários, comerciários etc), através de bloqueios de ruas e rodovias, ocupação de prédios públicos durante dias com retenção de autoridades, enfrentamento com os aparelhos repressivos de Estado; manifestações de rua radicalizadas, queima de carros, ônibus e estações de trem. Refutando assim estratégia da ação pacifica e legalista que subordina à luta dos trabalhadores a ação dos Partidos dentro da Democracia Burguesa

Nesse caso, a Ação Direta refuta o mandato parlamentar, a representação política, ou o partido como ator principal da luta, e reafirmar como essencial que a “libertação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores”, e não obra de um partido político ou qualquer organização para acender ao poder político.
A Ação Direta é uma estratégia de luta que tem como implicação prática a necessidade da ação coletiva para conseguir as mudanças e com isso criar a experiência de luta necessária para que o povo possa destruir o atual sistema social de dominação, ou seja, a experiência das massas em se organizar diretamente, de baixo para cima, através de uma organização que combine a centralização na ação, com autonomia de discussão, priorizando as assembléias e não as articulações das direções.