sexta-feira, 27 de março de 2009

Um Histórico das Últimas Lutas Estudantis. O que fazer?

Boletim Estudantes em Luta

Março 2008 Ano VI Nº 27


Romper com a burocracia estudantil e construir o movimento estudantil de base e combativo!!!


A Universidade Pública brasileira está cada vez mais seguindo a cartilha neoliberal, como podemos observar através das Fundações de Direito Privado, da Reforma Universitária e agora do Reuni e também através de seus projetos de pesquisa, servindo assim aos interesses do capital e do Estado. A esse cenário soma-se a ausência de uma política de assistência estudantil, política esta que é propositalmente deixada de lado. Assim as universidades encontram-se sem assistência estudantil, isto é, moradia estudantil, bolsas, restaurantes universitários, passe-livre,etc; dificultando a permanência do estudante pobre na universidade.

Esse cenário só é passível de mudança através de luta, isto é, através de um movimento estudantil atuante e de massas. Porém o movimento estudantil se encontra tanto a nível local como nacional desmobilizado, num período de grande refluxo, com pouca movimentação, participação e ação política, essa ocorrendo de forma esporádica e sem continuidade. Sendo assim é importante mostrar sua atual conjuntura, falando das forças políticas atuantes, bem como as lutas esporádicas mencionadas anteriormente.

O refluxo e a ausência de lutas no movimento estudantil se dá pela atuação e prática das organizações atuantes no mesmo. Neste cenário temos a presença do governismo expresso pela UNE (PC do B/UJS) e o PT, que atuam ao lado governo Lula e sua política neoliberal e o oportunismo de esquerda ou reformismo expresso na FOE/UNE (PSOL) e na CONLUTE (PSTU) cujos discursos são muitos “bonitos” e “progressistas”, mas a prática contraditória e pelega. Tais organizações são os grandes protagonistas da desmobilização atual, através de suas práticas burocráticas e centralizadoras, onde o grande objetivo é ocupar posições em diretorias e afastar a base do movimento. Além disso, tais organizações mantêm íntimas relações com a burocracia universitária e estatal, através de recebimentos de verba para campanhas eleitorais, viagens a congressos e encontros, etc.

Assim, nos últimos dois anos (2007/2008) presenciamos poucas lutas de impacto no movimento estudantil: Março de 2007, o ato pelo passe-livre no Rio de Janeiro com a presença de 5.000 estudantes; no mesmo ano, a ocupação de mais de dois meses da reitoria da USP; a ocupação da reitoria da UNB em meados de 2008. É importante mencionar que essas duas ocupações foram capituladas pelas organizações mencionadas acima, principalmente PSOL e PSTU, jogando a luta para a burocracia, isto é, o velho acordão com a reitoria, enfraquecendo a luta direta dos estudantes. Por fim, tivemos uma importante luta na UFF ano passado contra o Reuni, mais precisamente contra a criação do curso de segurança pública e a criação do curso de antropologia. Esta luta a ADE teve papel fundamental, pois foi através da denúncia do Reuni e de tais cursos que conseguimos mobilizar os estudantes e a comunidade acadêmica, realizando assembléias com quase 300 estudantes e dois piquetes, o que não acontecia na universidade desde a greve de 2005. Conseguimos barrar o curso de segurança pública, curso este que tinha o objetivo de aperfeiçoar as técnicas de repressão da classe trabalhadora com o aval científico, mas infelizmente não conseguimos barrar a criação do curso de antropologia, pois mais uma vez o movimento foi capitulado pelos partidos reformistas (PSOL e PSTU) que empurraram a luta para a burocracia, culminando a possibilidade de vitória integral do movimento. Agora, temos que lutar para manutenção e melhoria do curso de Ciências Sociais, ameaçado de ser destruído.

É preciso romper com o movimento estudantil atual, burocrático, autoritário, centralizador e pelego, denunciando suas práticas que são na verdade feitas em benefício da reitoria, da manutenção do status quo da universidade e da manutenção da ordem capitalista. Precisamos construir um movimento estudantil combativo e classista, que esteja na luta ao lado dos estudantes pobres e do povo, se organizando de baixo para cima, da circunferência para o centro, onde a direção de um DA, CA, DCE acate e execute as decisões tomadas pela base. Um movimento estudantil baseado na ação direta, ou seja, não contando com as promessas da burocracia da universidade e da reitoria para conquistarmos nossos direitos, mas sim juntando nossas forças e lutando com as nossas próprias mãos


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